terça-feira, 5 de março de 2013

Doenças sexualmente transmissíveis na adolescência

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Os casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis - DSTs ocorrem com freqüência na adolescência e aumentam as chances de contaminação pelo vírus HIV. Outras conseqüências são a infertilidade e o câncer de colo. No Brasil não há muitos relatos de casos de DSTs entre adolescentes, talvez porque somente a AIDS e a sífilis sejam de notificação obrigatória e cerca de 70% das pessoas com DST busquem tratamento em farmácias. Nos Estados Unidos, alguns autores calculam que 25% dos adolescentes tenham DSTs, sendo a faixa etária de 15 a 24 anos a de maior risco.

O pensamento idealizado e prematuro dos adolescentes faz com que se sintam invulneráveis, se expondo a riscos sem prever as conseqüências. A pouca escolaridade, o baixo nível social e econômico também estão associados às DSTs. A atitude de risco masculina também é responsável por atividades que colocam em risco a saúde tanto do homem quanto da mulher, assim como o uso de álcool e drogas, já comprovados por diversos estudos.

O artigo publicado pela Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical estudou o perfil sexual dos adolescentes atendidos no Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente - NESA da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ e identificou fatores de risco às DSTs na adolescência. A pesquisa comparou dados como idade, situação conjugal, renda familiar, histórico escolar, uso de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas, freqüência escolar e nível de escolaridade. Foram entrevistados 356 adolescentes, sendo que 109 eram sexualmente ativos e portadores de DST; 115 também eram sexualmente ativos, porém sem DST; e 132 ainda não tinham iniciado atividade sexual.

O uso de tabaco, bebidas alcoólicas e drogas ilícitas estavam em grande parte associados com o fato de ser portador de DST. Entre eles, 22% fumam cigarro; 10,1% fizeram uso de bebida alcoólica seis vezes ou mais no último mês e 20,2% usaram outras drogas ilícitas no mesmo período. Entre os não portadores de DST os percentuais foram de 7,7%, 3,6% e 4%, respectivamente.

O bom relacionamento entre os pais foi mais relatado entre os adolescentes não portadores de DST. Os casos de violência dentro da família foi verificado em 51,4% dos portadores de DST e por 36,4% dos não portadores. A idade média da menarca (primeira menstruação) foi semelhante nos dois grupos. O histórico de abuso sexual foi expressivamente mais freqüente entre os adolescentes com DST.

Grande parcela dos adolescentes iniciou a atividade sexual antes dos 15 anos, porém não houve uma associação significativa entre a baixa idade do primeiro coito e ter uma DST. O número de parceiros foi maior do que dois em 29,4% das adolescentes com DST e 33% das não portadoras de DST. Em relação ao uso do preservativo, observou-se uma relação estatisticamente significativa entre a freqüência às vezes ou nunca e ser portador de DST.

O uso não freqüente do preservativo, o atraso escolar e o uso de drogas lícitas e ilícitas foram as principais variáveis associadas às DSTs. Para se obter uma diminuição destes riscos são necessários investimentos em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito ao acesso a educação e à saúde. Em relação ao uso de drogas, o meio social, e principalmente pais e educadores, devem dar o exemplo e ser menos tolerantes em relação ao uso indevido e abuso de substâncias químicas, sem apelar para atitudes punitivas.

É importante criar medidas de redução do risco de contaminação por DSTs e pelo vírus da AIDS, como orientações sobre o início da vida sexual, fidelidade mútua, redução do número de parceiros e abandono de práticas sexuais de risco. É importante que essas estratégias sejam criadas com os adolescentes participando do processo. De nada adianta oferecer-lhes soluções prontas sem antes ouvi-los.

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